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Pé Boto: Como a fisioterapia pode ajudar!

A incidência de pé boto ou pé equino varo congénito é de aproximadamente 1.3 casos por 1.000 na Europa. Tem uma incidência mais comum nos homens do que nas mulheres e 30 a 50% dos casos afetam os membros inferiores bilateralmente. A etiologia desta condição permanece desconhecida, mas é comummente associada à Idade materna, paridade, escolaridade, estado civil, tabagismo materno e diabetes. Por outro lado, a maior parte dos casos relatados acontece em países em desenvolvimento onde as condições socioeconómicas são mais reduzidas.


O que é o Pé Boto?

O pé boto é constituído essencialmente por 5 deformidade:

  • Equino,

  • Varus,

  • Adductus,

  • Cavus e

  • Supinação do pé


Dadas estas variações anatómicas, é fundamental que o tratamento para esta patologia seja apropriado e facilitador para permitir que o pé seja funcional e que as crianças com esta condição consigam apoiar o pé no chão na sua totalidade. Quando não tratadas adequadamente, as crianças com pé boto podem desenvolver limitações de mobilidade acentuada, rigidez muscular e alteração do padrão de marcha, com interferência na função que os proprioceptores têm no pé e na sua zona plantar (Matuszewski, Gil e Karsk, 2012).


Em que consiste o tratamento?

A técnica Ponseti, é atualmente o Gold Standard no tratamento global do pé equino varo congénito e mais de 90% dos casos de recém-nascidos com pé boto podem ser tratados eficazmente com esta técnica (Rani, M. et al, 2017; Bina, S. et al, 2020; Freire, A., 2015).

Os objetivos com este tratamento são:

  • Tornar os pés o mais funcional possível,

  • Ausência de dor,

  • Capacidade para usar sapatos normais.


O método Ponseti consiste na correção da posição do pé gradualmente usando uma série de manipulações e ortóteses. Por fim, é realizado um pequeno procedimento cirúrgico no tendão de Aquiles (tenotomia percutânea).


Durante a fase de crescimento da criança, e após a fase corretiva ter alcançado uma boa posição para o pé, este deve ser mantido na posição corrigida durante os 4-5 anos seguintes, para evitar uma recaída da condição. O acompanhamento a longo prazo nestes casos é importante para detetar recorrências ou recidivas (Bina, S. et al, 2020; Freire, A., 2015).


Como a fisioterapia pode ajudar?

Apesar da eficácia, do método Ponseti, demonstrada em mais de 90% dos casos, é necessário perceber se existem outras estratégias, principalmente ativas, que possam beneficiar as crianças que possuem esta condição clínica e que promovam a atividade física com os colegas.


No que toca à fisioterapia, o tratamento centra-se:

  1. No reforço muscular dos flexores dorsais e eversores,

  2. No treino propriocetivo e

  3. No treino de equilíbrio.


A fisioterapia pode desempenhar um papel vital na melhoria da qualidade de vida dando maior estabilidade e o equilíbrio enquanto define estratégias educativas que visem maximizar a participação social e controlo da condição clinica por parte do Encarregado de Educação destas crianças.


Por vezes, as crianças com necessidades especiais ou condições de saúde específicas enfrentam várias dificuldades na sua participação social, entre as quais problemas de inclusão e acessibilidade (Bhat, R. A., 2023). Esta população jovem pode encontrar barreiras nas escolas e enfrentar dificuldades em integrar-se com seus pares devido à falta de compreensão ou aceitação por parte de outras crianças ou até por falta de suporte. Muitos professores não têm habilitações específicas para lidar com as necessidades destas crianças, resultando numa pedagogia não adaptada às necessidades individuais das mesmas.


Deste modo, para além dos benefícios que a fisioterapia pode promover a nível físico, a interação constante com a criança e a gestão das suas limitações na participação social podem ser pontos importantes a incluir na educação a crianças com esta condição (Bhat, R. A., 2023). O trabalho propriocetivo, para além de reforçar os músculos e melhorar a coordenação neuromuscular, é essencial para manter o equilíbrio. Deste modo, as atividades como exercícios de apoio unipodal, exercícios que envolvam saltos e atividades que promovem mudanças de direção ajudam a aumentar a coordenação, equilíbrio e a confiança para realizar os múltiplos movimentos que são realizados nas atividades desportivas que os jovens praticam (Futebol, Ténis, Artes Marciais, Ginástica, Natação, entre outras).


Apesar do modelo atual fazer face às exigências, a abordagem biopsicossocial deve ser incutida também nestes casos e deve integrar a educação ao encarregado de educação que acompanha as crianças aos serviços de saúde.




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